CAMILA

Teu corpo magro, diáfano

É sinal da sua intransigência velada.

Lembre-se: seus óculos não são escudos

Mais do que consertar, eles embaçam a tua visão.

Magra, magra, magra

Camila, a sábia inquestionável

“Discordo, discordo.”

Um sorriso gentil, mas por trás sempre um

Discordo, vigoroso discordo.

Pequena mulher poética e romântica,

Sem ser poetisa, coisinha pouco vivida

Tens a alma gentil e inocente,

Não há pecado algum nisto.

Todavia, a vida é dura!

Nem tudo tem razão ou é

Como queremos que seja.

Nenhum autor vivo ou morto

Pode explicar a vida, sequer a religião facetada

E isso não é ateísmo da minha parte.

Por isso, um conselho gasto:

“Venda um tanto de Discordos vagos.

Salve o seu trêmulo coração.”

Apesar de pequena e magra

A vida tratará de lhe ensinar

As feridas e espinhos deste caminho dos viventes.

Ela não tem dó de ninguém,

Muito menos dos pensadores

(Muito menos dos pensadores)

Creio que serás um tanto mais sábia

Não que sejas tola, longe disso, Camila.

Mas alcançará de fato iluminância

Só depois de ter sua psicologia quebrada

E lhe for injetada uma dose de realidade crua.

Só assim, possivelmente aceitarás amargamente

Que nem tudo, nem todos têm salvação.

Como eu, alheio.

Como ele, com ela.

Como ela, com ele.

Como Deus, sozinho.

Camila veemente grita:

“Discordo!”