Cáos
"...Mergulhei o mundo
em escura sofreguidão...
Dei os primeiros passos
e caminhei, vacilante
para a estrada
sem pedaços de história...
Sem resquícios na areia...
E não soube o que fazer
com a imensidão
de céu e de estrelas...
Por um momento fugaz
a falta de sentido
me deixou tão livre
que eu não sabia mais a direção...
Sem visão do mundo real
me escondi no imaginário
sem vida e sem cor...
Rompi com a minha sensatez
e deixei vazar
um coração sangrando...
Como uma música triste
e incômoda,
meu peito apertava
e eu não sentia mais
o chão sob os pés...
De que me adiantava
aquela liberdade ferina
se eu continuava presa
dentro de mim?
Fui expulsa
por todos os meus órgãos
pra fora
do meu próprio corpo
e o mundo tornara-se
num grande mal estar...
Eu não cabia mais
em lugar algum...
Descobri, então,
a certeza de estar só
e a necessidade de procurar
no sonho o definitivo céu
e apenas concluir
a minha história,
sem anjos ou demônios...
Regular minha respiração
com o silêncio...
Adormecer para sempre
dentro de mim..."