expirado

Expirado

Do livro Acontecências

O tempo virou...

Os mais antigos rastejam

Para fora, piscando ao sol...

Seus quartos, mofados pelas águas

De ontem, se desocupam...

O velho surpreende-se ao sentir

Que sobreviveu ao inverno,

Embora o calor amoleça seus nervos,

Não se sente mais encolhido e pálido,

Como os vegetais sujeitos ao frio.

Nascido no estrangeiro, vindo cedo,

A mão endurecida pelo tempo vivido,

Sente-se em casa agora...

Respondendo ao jovem, se a vida

Vale a pena ser vivida, assim,

Depois de ter viajado nos porões,

Sem mais tempo para viver

O respondido.

Durante a última hora

Cuida seus haveres e suas derrotas,

Como a aranha cuida sua teia,

Avança pelos minutos íntegros

Repostando questionamentos

Deixados sorvidos antes...

São os galhos secos que respondem

Suas dúvidas de quando secar

Seus instintos...

-Acredito que isso é tudo que existe.

Diz o senhor envelhecido.

Galhos secos, troncos retorcidos,

Uma pá de cal sobre passados,

Uma quase certeza sobre o futuro...

Da raiz ao último galho arvorado

A sobra dos suspiros...

Em dias como este peno o tempo,

Deixado de responder meu intento,

A consumir as horas na lembrança,

Deixando ir embora a esperança.

-É isso. A relevância de ter vivido.

sergiodonadio.blogspot.com

Editoras: Scortecci, Saraiva.

Incógnita (Portugal)

Amazon Kindle, Greatspace

Perse e Clube de Autores

sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 24/10/2016
Código do texto: T5801880
Classificação de conteúdo: seguro