expirado
Expirado
Do livro Acontecências
O tempo virou...
Os mais antigos rastejam
Para fora, piscando ao sol...
Seus quartos, mofados pelas águas
De ontem, se desocupam...
O velho surpreende-se ao sentir
Que sobreviveu ao inverno,
Embora o calor amoleça seus nervos,
Não se sente mais encolhido e pálido,
Como os vegetais sujeitos ao frio.
Nascido no estrangeiro, vindo cedo,
A mão endurecida pelo tempo vivido,
Sente-se em casa agora...
Respondendo ao jovem, se a vida
Vale a pena ser vivida, assim,
Depois de ter viajado nos porões,
Sem mais tempo para viver
O respondido.
Durante a última hora
Cuida seus haveres e suas derrotas,
Como a aranha cuida sua teia,
Avança pelos minutos íntegros
Repostando questionamentos
Deixados sorvidos antes...
São os galhos secos que respondem
Suas dúvidas de quando secar
Seus instintos...
-Acredito que isso é tudo que existe.
Diz o senhor envelhecido.
Galhos secos, troncos retorcidos,
Uma pá de cal sobre passados,
Uma quase certeza sobre o futuro...
Da raiz ao último galho arvorado
A sobra dos suspiros...
Em dias como este peno o tempo,
Deixado de responder meu intento,
A consumir as horas na lembrança,
Deixando ir embora a esperança.
-É isso. A relevância de ter vivido.
sergiodonadio.blogspot.com
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