ACABANDO COM A RAZÃO
ACABANDO COM A RAZÃO
Se você me der algo pra comer
que não tenha alcool somente
o entorpecente que vem
destes suores colhidos de dentro
de sangue e veneno
pensando e sonhando que tenho
um amor transado um amor cravado
de dentes sobre a pele devorando
tudo que possa esconder tua alma
eu quero ela desprevenida deixando
a fantasia ser uma alegoria
de encontro um estar bem longe
dos outros um poder ficar sozinho
com teu carinho absorvido
entrando no meu vestido vestindo
de lingua o que frio parece
que aquece de desejo continuo
e vai subindo estou a espera
deste segredo macio de lábios
que convida o máximo de mim
p'ra tocar o céu p'ra ser o céu
a desculpa de anjos na maldição
do inferno que beira loucuras
estás perto posso sentir o volume
estou aberta ao convite pra descer
e vencer o ciúme das tediosas
meninas que ficaram este tempo
me encobrindo de medo e culpa
tem uma culpa que quero entregar
esta culpa esta que veio brincar
de alegria por ter você por perto
traz uma criatura vendida
nas mazelas de encontros furtivos
que nada dizem a não ser
sobre o amanhã barato um amanhã
estúpido e de fato sem vida
com a razão pedindo que escreva
linhas tortas com sentido de freira
porque deveras ganhar público
ganhar o mote pudico
o frio inocente ruido da tolerância
absurda que compõe pessoas
como se fossem textos escritos
eu quero os "textos escritos" feitos
no combate do amor contra a dor
de parecer fria e casual vencida
que a noite apaga-se o abajur
depois de uma conversa em que minha
boca está dispersa contundida
quero ser invadida de você
perdida pelo orgasmo violento
dos olhos saltados
vou descobrir depois das horas
contadas pela lua pelo sol
pela sombra que muda no vento
que ninguém fala quando ama...
MÚSICA DE LEITURA: Jolie Holland - Old Fashioned Morphine