O SANHAÇO VERDE

Toda manhã aparecia vistoso no coqueiro,

para despertar o dia, saltitando contente.

Admirado da janela de vidro transparente,

emitia sonora melodia, gorjeava brejeiro.

Afeiçoou-me a esse diário ritual matinal,

venturosamente, com tamanha ternura,

fosse dia santo, feriado, carnaval, natal,

fazia-me a mais agraciada das criaturas.

Mas, felicidade plena é pequena, fugaz.

Certo dia, por um infortúnio do destino,

chocou-se durante um voo em desatino,

contra a janela criada, intrusa e ineficaz.

Prostrado pela ilusória criação humana,

espalhou-se grande tristeza na campina,

porquanto aquela vida frágil, pequenina,

fenecia ante a casa majestosa e insana.

Na natureza ou perante todas as gentes,

a vaidade traduz desenganos frequentes.

Voltando à janela de vidro transparente,

só encontrei silêncio, silêncio somente...

JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS
Enviado por JOSE ALBERTO LEANDRO DOS SANTOS em 20/10/2016
Reeditado em 03/11/2016
Código do texto: T5797790
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