saca-rolha

visgo de tédio

no assoalho do ventre,

quem se importa?

a fila anda e como

anda, é para todos

essa roda gigante de desgosto,

nesse carnaval de gangster

saúva, besouro, insento

verme, caverna, esse

mundo com cara de inferno.

quem se importa,

nua e leite, peito e o

segredo mais cabeludo,

sou nada e sou tudo, mas

isso não paga o aluguém

nem dispara palmas no metrô,

gozo e como gozo cada momento

desse abismo

sim, navego, me exibo nesse afogamento

chupa! não, o dedo, sim o dedo

sem mel ou leite, mas que parece

um pica (inha) firme e dura, tem osso, assim

não vale nesse reino de fósforo,

abriria sua perna nesse instante,

mas estamos nessa hora imerso numa

cultura de dementes, o que essa raça

de gente vai pensar? merda! não é disso

que trata essa fábrica de cérebro? multidão

de bunda pra fora: é só furar, é só furar, já

enxergo seus sorriso marotos de quem pensa

alguma coisa

que valha algo

nesse lado do muro,

acorda, cabada!

saca-rolha!

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 20/10/2016
Código do texto: T5797493
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