saca-rolha
visgo de tédio
no assoalho do ventre,
quem se importa?
a fila anda e como
anda, é para todos
essa roda gigante de desgosto,
nesse carnaval de gangster
saúva, besouro, insento
verme, caverna, esse
mundo com cara de inferno.
quem se importa,
nua e leite, peito e o
segredo mais cabeludo,
sou nada e sou tudo, mas
isso não paga o aluguém
nem dispara palmas no metrô,
gozo e como gozo cada momento
desse abismo
sim, navego, me exibo nesse afogamento
chupa! não, o dedo, sim o dedo
sem mel ou leite, mas que parece
um pica (inha) firme e dura, tem osso, assim
não vale nesse reino de fósforo,
abriria sua perna nesse instante,
mas estamos nessa hora imerso numa
cultura de dementes, o que essa raça
de gente vai pensar? merda! não é disso
que trata essa fábrica de cérebro? multidão
de bunda pra fora: é só furar, é só furar, já
enxergo seus sorriso marotos de quem pensa
alguma coisa
que valha algo
nesse lado do muro,
acorda, cabada!
saca-rolha!