Poesia do Esquecimento

“As gerações dos mortais assemelham-se às folhas das árvores,

que, umas, os ventos atiram no solo, sem vida; outras, brotam

na primavera, de novo, por toda a floresta viçosa.

Desaparecem ou nascem os homens da mesma maneira”.

HOMERO, “ILÍADA”

Dizer sobre tudo o que não foi,

Algo que o dia nunca irá saber:

As migalhas do tempo à espera da unidade;

Os homens sem olhos dizendo mentiras.

Eu nasci de um mundo novo,

Admirei, entorpecido, às virtudes mais vãs.

Agora só faço olvidar, por opção, todo o humano.

Não penso em nada, sequer na noite...

Vejo o fogo dos novos dias a arder.

Apagar a luz de um céu imerso em estrelas

E trazer de volta a natureza o amargo perdão humano:

É essa a nossa missão.

Sempre fomos desgarrados: nosso legado é a terra;

Nossa hora é de esquecer...

De tudo o que foi, o que fomos?

Nenhuma vida é sincera para amar.

O homem? Só homem...

Alguém que, no nada, vive,

E se esquece da incapacidade de no nada viver.