Jardim à beira-mar plantado

Jardim à beira-mar plantado

Ó Portugal!

Anda cá!

Que me fizeste?

Explica-me.

Quando fui, tu, tão fechado,

Não olhastes nos meus olhos.

Não me destes abraço, beijo, ouvido.

Trocaste meu frio trabalho

Por teu aquecido salário.

Só!

Fora esse o acordo.

Mas não!

És cruel!

Puseste-te a me envolver

Com teu cenho a se abrir

Pouco a pouco

(Como tuas contas à moda do Porto);

Deste-me amizade,

Carinho,

Compreensão,

Ombro,

Olhos nos olhos

E a tal receita secreta que carregas;

A tal da palavra que só existe em português.

Ó, pá!

Não fora esse o combinado!

Isso foi desleal!

As praias, as ruas, meu T2 de Cascais...

Não consegui voltar sozinha.

Trouxe tudo!

És tão mau, Portugal!

Não estavam no contrato

Estas saudades do caraças,

Estes trejeitos de "pois!",

Novas manias culinárias,

O prazer pelos tuteios,

O adeus onde havia tchau,

O olá onde havia oi,

As lágrimas de azeite,

O ouro em pó das areias

E a neve...

Muita, muita neve

Que derrete-se pela cara

Ao ouvir um realejo

Sentindo-me só, só, só

Numa varanda qualquer...

Não te armes em carapau de corrida

E diga-me lá:

Isso faz-se?

(Verônica Marzullo de Brito - 17/10/2016)

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Verônica Marzullo de Brito
Enviado por Verônica Marzullo de Brito em 18/10/2016
Reeditado em 18/10/2016
Código do texto: T5795139
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