Ventura dos Deuses

Ventura dos Deuses

Preferiria a morte,

mil vezes a morte enfrentaria:

seria vã a procura,

e nossos olhares jamais se cruzariam...

Entenda: o belo que habita em mim

precisa do belo que habita em ti;

e como cegos que anseiam por luz anseiam por luz,

desejo-te, além e sem fim,

e desejas-me, amém e enfim...

Maldito Lúcifer, herança maldita!

Caindo, soerguemo-nos...

Mentindo, compreendemos...

Fugindo, encontramo-nos também.

Maldito Lúcifer, herança mal tida!

A lucidez a arder os olhos,

a cupidez a embargar voz,

a estúpida paixão a guiar os pés!

Mas onde há lucidez, a morte é amiga.

O medo cede, afinal, ao amor:

desata o nó a verdade triunfal

- o fim é a suprema iniciação.

Desperta o homem, grande, gentil e bom,

para a vida, ora mar, ora cais...

Em meio à luz, o encontro vital:

nós somos um, felizes e em paz.

Adriano Dal Molin
Enviado por Adriano Dal Molin em 25/07/2007
Código do texto: T579438
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