poema
e os cenários púbicos encenam vocábulábio lírico
a mão invisível do tempo modela luvas novas
na abóbora de fogo e vento
modula cenas para aquarelas
e assovios para saltimbancos
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canções d'água, flores de mórula e algas
estribilhos de pés serpenteando estradas
não descansa nem dorme a sarça da nódoa
formiga o fruto aceso no osso
caminho de histórias
volta desassossegada de ocasos
e tempestades d'águas
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lagoas secaram antúrios e rios se floram a céu aberto
peixes desembocaram em secas de açudes
renasceram dentro das doces amêndoas
para desafogarem asas dos olhos, o vocábulo do colo
e um buquê de anêmonas
no miolo da conha o silêncio,
nem som de pálpebras nem tigres de lágrimas
nem luzes do mar que explodem o arpoador nos arrecifes
só templários de sal e um mapa de corais
ah, o tempo... exilado no solstício ardendo no íntimo cais
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ancorar oquidões e quintais
e na veemente volta do passo
rasgar o efêmero, revelar fendas punhais
abocanhar penhascos pássaros
carregar nos dentes os percalços
e no flanco o preclaro açoite do temp(l)o
com olhar de espelhos trêmulo de arlequim
reelaborar as perdas como se fossem pedras pardais
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andrômeda_mente sarça de avencas
no barro o íntimo ocre-ave e álamo
esculturas suspensas nomeadas de caos
avesso bálsamo
bosque de búzios
e fonte de fráguas
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abro os olhos e o destino é um nódulo-pérola
ancorado na concha do tempo
horizonte deserdado do ventre
o temp(l)o de ser é ágora de agora.
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