Do Começo Do Fim
O amanhã não veio; como não viver belos planos,
formosos gênios humanos, nesse hoje muito feio?
Fé (que virou receio!) a nudez é dos desenganos
que, nesse rasgar dos panos, aparece bem no meio.
Acreditar agora, com atraso, não adianta;
a descrença foi tanta e tão visível a demora,
que um mudo mundo chora sem olhos; mas a garganta,
do que chorava, canta a muda dor que vai embora.
É o começo, afinal, do fim que nunca viria;
enfim, o último Dia do eterno ser dial
que morre do próprio mal, alheio ao bem que morria
na eternidade fria do coração glacial.
Fim que não é o final na cálida filosofia :
Morre, chama que vivia! Vive, fogo imortal!
Torre Três
15-10-2016