Miserável, nasceu poeta
Miserável, miserável nasceu poeta!
Salgadinho, a cidade também aborta.
E o que se tens de mim nas tuas ruas,
Nem os versos coube, de tão bêbado.
Miserável, miserável nasceu poeta!
Salgadinho, a cidade também aborta.
E o que se tens do homem, que não pari,
Perpétuo, é o sentimento dos olhos.
Miserável, miserável nasceu poeta!
Salgadinho, a cidade também aborta.
E de nós que não se fala, mas se olhar,
As ruas, nem carrega nossos todo tédio.
Miserável, miserável nasceu poeta,
Salgadinho, a cidade também aborta,
E a carranca que se prende n’alma,
É de uma face de nós mesmo.