UM DIA DE CADA VEZ

(Socrates Di Lima)

Ah! Que no lusco fusco amanheci,

Tem-se a manha um ar sombrio,

As nuvens que agora vi,

São presságios de um dia, quase frio.

Mais quando o dia se levanta,

A aurora se dissipa,

O galo já não mais canta,

E o Sol se antecipa.

E assim, lá se vai o lusco fusco,

Mas no peito entrou uma saudade,

Nas entranhas lamuriosas que ofusco,

A brisa chega e me acaricia com vontade.

Vontade de fazer-me lembrar de mim...

Do meu Eu esquecido no passado,

Das lembranças que nunca tem fim,

Graças a Deus que tenho esse fado.

Ai que no meu arredio arrebol,

Maneja o meu momento crepuscular,

do nascer ao por do Sol,

Sinto que jamais cessarei de amar.

E quando o dia se agiganta,

No olhar que ao longe vejo,

Algum pássaro que num galho canta,

Anunciando que realizarei o meu desejo.

E que venha um novo amor,

De qualquer canto do universo,

Toma-me em furor e sem pudor,

Na virilidade do meu verso.

Então rogo a Deus a minha prece,

Agradeço por ter amanhecido...

e que so morrerei quando chegar meu fim,

sem perder os amores que o meu passado agradece,

assim, no hoje, sinto não estar mais esquecido.

....dentro de mim!

Ah! que passe o dia embevecido,

Da bebida da saudade que trago,

Desde o amanhecer talvez,

Como a vida num doce afago,

Vivendo um dia de cada vez.

Lusco-fusco

s.m.A hora crepuscular, o anoitecer, o momento de transição entre o dia e a noite (da tarde ou da alba).

[Brasil: Rio de Janeiro] Mulato, pardo.

Ao lusco-fusco, à hora crepuscular.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 14/10/2016
Reeditado em 14/10/2016
Código do texto: T5791408
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