KAISER NINGUÉM
Eu sou o espelho transparente, o padrão inusitado
Sou o nada reluzente, eu sou o certo e o errado
Sou a chama que não queima, uma sombra iluminada
A coroa que não reina, o escudo da espada
Eu sou o raio da tangente, o contrário do inverso
O real inexistente, ao quadrado nos meus versos
Eu sou o mar alado, a floresta do deserto
Sou o gelo incendiado, sou um terremoto quieto
Sou as mentiras de Apolo, e o inferno de Gaia
Tsunami do subsolo, eu sou o "black hole" Maya
Sou supernova numa célula, o abismo submerso
Contraprova à fé incrédula, o guardião do universo
Sou a serpente voadora, a fonte de energia
Sou a águia protetora, sou a corda que te guia
Sou a ponte invisível, entre o tudo e o nada
Sou um dragão invencível, o abismo da escalada
Sou a estrutura do instrumento, sou a pedra permeável
O bailarino sem talento, eu sou o zero absoluto instável
Eu sou o tempo infinito, e o retorno do momento
O tesouro de Heráclito, eu sou a calma do tormento
Sou o crivo do mal e bem, o inocente condenado
Poeira cósmica do além, eu sou o sol pulverizado
Sou a estrela decadente, o poeta de Belém
Sou malícia inocente, eu sou o Kaiser Ninguém
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