Meu quarto é uma extensão de mim
Sensações de embaraço
Desconforto
E estreitamento
Aqui estou no ambiente opaco
Nessa vasta extensão de mim
Onde o ar não mais circula
Sem mobilidade
Sinto a inércia do pensamento
Toda a criatividade se esvaiu
Tudo sem encaixe
Revirado
Sem qualquer concordância
Isolado nesse grotão de alvenaria
Vivo na desordem
Tornei-me inabitável
Entre espaços lotados
E o tremendo vácuo
As gavetas da minha consciência, tornaram-se dicotômicas
Nesse recinto inolente
Turvo
Insípido
Caio em contradição
Vejo o caos no meu próprio campo de ação
E avisto meu reflexo
E pensar que almejei mudar o mundo
Mas não mudo nem meu quarto
Essa vasta extensão de mim.