Emblemática

Tudo em vão.

Vã é a vida. Os sonhos,

acontecem fora de hora.

Portas que abrem se fecham

Amores eternos, que bobagem.

Ai de mim e ai do amor

Que chegou na hora de partir.

Pobre de ti, pobre de mim,

Pois tudo é vão.

Seu beijo é vã anatomia.

Meus braços, em vão querem

A eternidade do seu corpo,

Que se afastou de mim

E se esqueceu de ti.

Pobre do amor que se afastou descrente,

Pobre de mim, deserto e nu.

Esta noite, a angustia virá bater na porta

( Sempre, esta maldita vem incomodar )

O inconformismo da memória,

A lassidão do espirito,

O navegante sem destino,

A banalidade do existir.

E esta poesia prostituta,

Embaraçada nos arranha céus

Geme, delira, se exaure.

Pobre canção da noite escura,

De uma estrela pálida,

Dos charcos, das enxovias.

O cais já se perdeu do mar,

No mar que se afogou em mim.