De todo dia
No silêncio, no cio, no cílio
Há sempre um pensamento
Um momento propício
Há sempre um movimento
Na fé, na faca, na benzedura
Há sempre um discurso
Uma solitária ilusão, ilusão
Na festa, na gandaia, no fluxo
Há sempre uma risada
Uma dança que procura companhia
Na vida, na estrada, na loucura
Há sempre quem ache amor
Uma fantasia, um alívio, uma dor
Na praia, na água, na mágoa
Há sempre uma alma vazia
Uma hora há despedida
No silêncio da rua vazia
No vazio da rua um silêncio
Na rua da infância há sempre
Uma dor sobre os cílios
Há sempre uma dor
De todo dia
Milton Oliveira
Agosto/2015