Às Portas do Caos
Adormeço enfim, sobre o que agora desaba.
Toda cor acorda com o vento, e eu o vejo.
Tudo é cor, é caos, é sonho e dor.
Todos aqui clamam e choram.
Choram pelas vidas esquecidas,
Deixadas sozinhas, no calvário da dor.
Clamam por alguma virtude perdida,
Que as ruínas do passado esconderam.
Finalmente a luz; o sub-céu...
Unidade disforme, renascer,
Refazer um homem.
Deus? Ou algo que o valha?
Desfeito o nó atado há muito, minh'alma:
Lacuna recém preenchida com o eu.
Vejo as portas do lugar de onde vim,
Convidado a entrar no eterno, acabar...
Voltar eterno, amargo; amar...
Eterna dor, amargo, e vão amar.
Embriagam-me, arrancam algo de mim,
Não vejo; nada mais vejo.
Ele esconde-se sob escombros de uma rosa,
Sim, eu o vejo. E nada mais posso ver.
Entro assim para o nada,
Esperando a chegada
De um eterno amanhecer.