VIAJANTE

Acordei de madrugada pra viajar pra o sertão

Eram quase cinco horas

Ainda tinha cerração

Levava na minha bagagem um perfume e um violão

O perfume pra Rosinha

O violão para João

Comprei na feira de Caruaru um par de sapatos pra pai

Pra mãe comprei um vestido

Não havia nada igual

Corri pra estação e logo comprei passagem

Tinha pressa de chegar

Queria seguir viajem

Desembarquei em Guaribas

Com pressa de viajante

Aí vei a desgraceira por causa desse vexame

Esqueci minha bagagem

O trem já ia distante

Fiquei sem presente pra dar

Sem roupa pra vesti

Fiquei parado ali

Com raiva de mim mesmo

Com cara de javali

Por causa desse vexame até ganhei apelido

Hoje sou conhecido por Chico da mala velha

Desse dia em diante nunca mais eu tive pressa

Pra mandar ou receber

Seja qual for a remessa.

Jucélio Brito
Enviado por Jucélio Brito em 09/10/2016
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