VIAJANTE
Acordei de madrugada pra viajar pra o sertão
Eram quase cinco horas
Ainda tinha cerração
Levava na minha bagagem um perfume e um violão
O perfume pra Rosinha
O violão para João
Comprei na feira de Caruaru um par de sapatos pra pai
Pra mãe comprei um vestido
Não havia nada igual
Corri pra estação e logo comprei passagem
Tinha pressa de chegar
Queria seguir viajem
Desembarquei em Guaribas
Com pressa de viajante
Aí vei a desgraceira por causa desse vexame
Esqueci minha bagagem
O trem já ia distante
Fiquei sem presente pra dar
Sem roupa pra vesti
Fiquei parado ali
Com raiva de mim mesmo
Com cara de javali
Por causa desse vexame até ganhei apelido
Hoje sou conhecido por Chico da mala velha
Desse dia em diante nunca mais eu tive pressa
Pra mandar ou receber
Seja qual for a remessa.