AUTOEXÍLIO

Proporcionalmente

Ao copo que se enche

Esvazia-se o corpo

Dos seus sonhos.

O álcool abre as papilas

Da língua em cristais diáfanos,

Entorpecendo os sentidos

Para serem esquecidos.

Os sonhos banham os neurônios

Com a rebeldia ante a vida objetiva,

São uma falácia da esperança,

Do devir nunca vindo ao eu.

Entre encher o copo e esvaziar o corpo

Um autoexílio do cotidiano ordinário.

Sonhar, ficar bêbado são uma rota de fuga

Do estranho meio que não apetece a alma.