Ela é assim
Tem gente que você se sente impactado com o primeiro contato. Ela te traz uma avalanche de novidade e vida que você não está acostumado a achar em pessoas que mais parecem zumbis cumprindo uma rotina mecanicamente. Essa menina é uma dessas.
Tem gente que dá uma preguiça observar os movimentos, mas ela não. Ela sabe e gosta disso. Sabe quando você diz a pessoa que ela faz algo diferente e ela sorri? Ela é assim. Suas atitudes não parecem em nada com as das outras pessoas. Não é boa em atender as expectativas alheias e agir conforme o esperado. Ela sempre se expressa de forma intensa e convicta; sorri em situações em que dá vontade de arrancar os cabelos; é enérgica naquilo que acredita e defende; não permite que a opinião alheia a incomode e a entristeça.
Ela é assim. E acha isso muito bom.
Essa menina não quer ser igual todo mundo. Ela se confrontou no espelho e descobriu que não se encaixaria em lugar algum se não se aceitasse como é. E depois descobriu que não precisa se encaixar. Basta encontrar um canto para ser quem ela é. Ela é um pontinho vermelho em meio ao branco.
Ela não é um clichê, se é o que está pensando. Ela foge deles. Detesta os lugares comuns. Não suporta a ideia de andar como os outros, que andam só por andar. Se recusa seguir um caminho só porque foi indicado, porque os outros estão seguindo. Ela precisa ponderar e descobrir todas as implicações de sua escolha.
Ela não faz questão de escolher a via mais fácil, seguir por seguir, ser o que querem que ela seja, se isso implica se reprimir. Agradar alguém? Jamais. Sabe que puxa saco é uma cilada, é como vender a alma ao diabo. Procura sempre fazer a sua vontade real. Colocar as rédeas significa ser uma igual.
E ela não é igual. E gosta da sensação de ser diferente.
Esta menina procura sempre pensar por si mesma, analisar tudo com cuidado e em sua própria forma, decidir sozinha e, só assim, então, tomar um partido. Pondera os dois lados da moeda, enxerga as diferentes verdades, observa os fatos. Isso não significa que ela é relativista. Ou mesmo cética. Apenas cuidadosa em construir ideias e expressá-las. Odeia a hipocrisia e não a usa. A ironia, às vezes, é uma roupagem mais confortável para expressar seu descontentamento ou alguma opinião forte.
Sua garra resulta de seu medo de ser controlada: não quer ninguém a obrigando a fazer algo. Ama a sua liberdade para decidir o que é certo e justo mediante suas convicções. No fundo, é uma criança indomável e feliz em sua leveza. Ela só mergulha num mar desconhecido se for para ser levada para longe.
Ela não é rebelde. Nem feminista. Sua atitude nem demonstra tanta rebeldia assim. Ela apenas está remando contra a maré. Ela apenas está escolhendo como pretende viver a própria vida. Ela apenas quer escolher a cor do seu cabelo ou que livro vai ler. Ela quer apenas escolher suas próprias companhias, suas opiniões, seu destino.
Que mal há nisso?
Afinal, trata-se da vida nela, não é?
Ela definitivamente não é igual. E esse é o seu encanto. Aquilo que a faz ser admirada ou ignorada.
Ela é, enfim, um ser sem amarras.
Apenas a compreenda e ame assim.