POEIRAS
Sentei-me à beira do caminho.
Fiz dele o meu ponto de partida.
Atrás de mim, as poeiras dos meus passos.
À frente, um caminho que não sei onde me levará.
É o momento de decidir.
Entre voltar ou ir.
É hora de partir...
Trago bagagens. Algumas pesadas que insisto em carregar.
Talvez tenha deixado valores, sentimentos, perdidos em alguma estação.
Algum vagão...
O que há lá adiante?
Por quê meus pés teimam em criar raízes?
Mas ao mesmo tempo, por quê sinto essa vontade de voar?
Por quê o cansaço não me deixa progredir?
Sinto-me cansada pra voltar...
Sinto-me cansada pra seguir...
Parei para tomar um fôlego.
Logo, a poeira baixa.
Ah... Os caminhos por onde andei não posso mais apagar.
E talvez, não possa voltar.
Siga em frente...
Vá adiante...
Vem a vida sussurrar.
Quando eu parar de só enxergar a poeira dos passos errados, poderei ver o que nasce ao horizonte.
Parece distante...
É hora de decidir...
Entre voltar ou ir...
O que tem pra trás eu conheço.
Tropeço...
E o que há à seguir?
Arruma o cabelo, ajeita os pensamentos, calça os sapatos...
E vai...
Recomeça...
Uma nova história começa agora...
(Julia Siqueira)