Tudo ou Nada
TUDO OU NADA
BETO MACHADO
Nada tão
Intenso,
Nada tão
Abrasivo
Havia tangenciado ainda
A gélida couraça do meu coração,
Metido a resoluto...
Pois se esvai meu ânimo
Quando não te escuto.
E, ao revés, a tua voz
Produz prazer ao meu ouvido interno.
E, se dos pecadores o guardador
É o fervente inferno,
Meu pobre ego apaixonado
Despe-se da mortalha
Que lhe tatua o medo
E cai de precipício em precipício,
Num mergulho cego, voluntário,
Como se, atrás de algum segredo,
Apostasse tudo ou nada.