NOVE SEMANAS E MEIA

NOVE SEMANAS E MEIA

Elane Tomich

Um poema erótico

tem que ter um ritmo

de tangos, de ondas

de ais sinuosos

em espasmos góticos

um fio de istmo

en noches de ronda

mistérios gostosos.

A perna angulosa

vértices arredios

instiga o saber

do sexo exposto

a fruta gozosa

suco escorregadio

que hás de sorver

no gozo do gosto.

Nove semanas

e meia de amor

é pouco, bem pouco

gosto de maçã.

O cheiro que emanas

tem calor e cor

a dor de um louco

morto de manhã.

Ànoite num acorde

tenha-me no sono

qu'eu penso que é sonho

e não amanheço.

Do orgasmo não acorde

piano, abandono

teus lábios risonhos,

não sei se mereço

Parece que é gótico

joelhos agudos

tentando encaixar

na curva do dorso

desejo em pórtico

teu gemido mudo

não hei de deixar

do sexo, o corso.

Até penetrares

meus lanhos e ares

até encaixares

em mim teus entrares.

Até entranhares

entranhas, meus mares

onde hás de afogares

desejos sem pares.