Barcos
Barcos ancorados em águas calmas
Ou navegando ao sabor das ondas…
Estradas liquidamente perigosas.
Barcos que partem e se afastam da costa
Para longe dos olhares, já saudosos,
Angustiados pela incerteza do regresso…
Porque há barcos que afundam
Espatifados pelas rochas
Ou engolidos por vagas esfomeadas.
Barcos navegando num mar azul de tons variados:
Nos dias de calmaria,
Mar ganha pão;
Noutros, com menos sorte,
Mar da morte.
Mar de matizes distintos
Que enchem a alma de familiares e pescadores
De esperança ou raiva.
Porque este mar lhes dá o pão,
Mas é também este mar que veem todos os dias,
Este mar magnânimo ou cemitério de almas…
Tal espada de dois gumes
Que reabre as feridas do passado.
02/10/2016
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In ”Muita Poesia e Pouca Prosa”