Para Minha Irmã


Eu ando assim, um pouco por aqui
Às vezes tendo raras pretensões
De falar algo como se verdade fosse
Estico histórias que nunca vivi..
Bem sabes das minhas tantas distrações
Do alargado desprender das posses
Da asma eterna e das crises de tosse.
Decerto alucinações bem poucas
Mas que derramam certeza aos delírios .
Dos atributos que agreguei a ti
Se em voz suave ou desespero rouco
Devem ser meras ilusões de prisma
Eu que não mais sei destes juízos
E que tropeço em calos de cisma
Deves ter a alma bela em coraão conciso.
Pior são meus tantos, tortos suplícios
De me achar linda em mortalha túnica
Branqueando sombras como o luar
Em rotas vestes do tempo, sou única.
Mentindo a mim do medo que receio
Hoje e o depois são formas do passado
Folhinha velha em que figura um bonde
Onde felizes vão acomodados
Meus sonhos a buscar um nada e... onde?
Meus rastros rasgam a sina em que creio
Que é um lugar onde se esconde a pressa
Onde me amarro do querer sair
Deste casulo de eterna promessa
Antes que o fato de fato aconteça.
Pois eu te conto, minha irmã amiga,
Que esta pressa de querer fugir
São ancestrais manias, muito antigas
É o medo enorme de em mim me esvair
Num eu tão grande, manto que me oculta,
Dos gritos de um ego enorme que nada escuta.
Nasci num evento, tempo antes da hora
Olhei o mundo querendo ir embora
E agora fora em muitas vezes tento
Ser só o nome que pra ser invento.
A ilusão de amar , meu talismã,
Então eu digo que te amo, irmã!