Da Flor De Alepo
A menina não morreu; a bomba a fez mais flor;
mas longe do seu terror, no indiferente breu,
esse que morre sou eu, se não sinto sua dor...
se não dói no amor o que no ódio não doeu.
A dor que ela sente, dessa guerra sem sentido...
do ódio aguerrido que fere, impenitente,
mata-me se, doente (de amor adoecido),
não me sinto ferido...se vivo indiferente.
Se a dor da menina não sabe doer em mim,
sou eu que não sei, no fim, como essa dor termina;
e se não me ensina a replantar o jardim
a dor que vejo chorar, chamando a mãe, no chão,
não sai da televisão...não chora no meu olhar;
pois não sabe machucar onde não há coração.
Torre Três
01-10-2016