movimento

vou pelos ares do sol

desco por letras que se descamam

das coisas, suspiro a dor dos navegantes,

desco mais que ela num bailado de

sonho e pureza, desco no fluido sentido

do pensamento, sou isso, mas também sou

tudo, imagens de embarcação em desuso,

falas que esquentam o veio que resvala nas águas,

céus entorpecido de gasolina e latrina, notas de

de péssego nos arredores dos pés, flora e fauna

num perdão inocente, sou um salto mortal nesse

vale suspenso, uma ponte entre os objetos, uma

pergunta ardendo por dentro, um escoar lento e apavorante

do tempo, é nesse bailado num cesto de pão que

moemos o tempo que se faz assim, movimento.

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 01/10/2016
Código do texto: T5777876
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