movimento
vou pelos ares do sol
desco por letras que se descamam
das coisas, suspiro a dor dos navegantes,
desco mais que ela num bailado de
sonho e pureza, desco no fluido sentido
do pensamento, sou isso, mas também sou
tudo, imagens de embarcação em desuso,
falas que esquentam o veio que resvala nas águas,
céus entorpecido de gasolina e latrina, notas de
de péssego nos arredores dos pés, flora e fauna
num perdão inocente, sou um salto mortal nesse
vale suspenso, uma ponte entre os objetos, uma
pergunta ardendo por dentro, um escoar lento e apavorante
do tempo, é nesse bailado num cesto de pão que
moemos o tempo que se faz assim, movimento.