o homem da cidade grande
Dobrou o mar e guardou
Debaixo do braço e põe-se
A caminhar pelas calçadas
Daquilo que compreendia
Como seu mundo,
Dobrou a esquina na mesma
Velocidade e paciência de véspera,
Olhou o tempo dentro do relógio
E prosseguiu habitualmente,
Não era de risos nem alegrias
Era um homem, somente um
Dava por se falar e se responder,
Não tinha lembranças nem preces
Era igual a ele frente aos seus espelhos,
Dobrou a vida e guardou no bolso
Junto com as poucas moedas
E o lenço úmido de suor e manchas de tempo
E caminhou até as bordas da terra
A procura do infinito.
Milton Oliveira
09.01.13