Vida fácil
Ela trocava os lençóis
E, logo depois, trocava os homens
Acumulava promessas
Amava antes de conhecer
Andava na contramão da sequência
Guardava sob o colchão
Tudo que ganhava sobre o colchão
Corria para registrar no diário
Antes que se esquecesse do nome
Nem sabia se era nome, ou pseudônimo
Como era lenta a alta rotatividade
Em trágico humor
Pensava em seu corpo mensurando taras
Quantas caras,
Quantos nomes,
Quantos corpos
Tão antiga profissão
E ela não aprendia
Não entendia
E seu corpo despia
E um estranho a espia
Nua nos banhos
Nua na cama
Nua na sanha
Até que uma chaga
Ou uma navalha
Quem sabe a velhice
Seu corpo enrugasse
Seu horário vencesse
E a vida a deixasse