Vida fácil

Ela trocava os lençóis

E, logo depois, trocava os homens

Acumulava promessas

Amava antes de conhecer

Andava na contramão da sequência

Guardava sob o colchão

Tudo que ganhava sobre o colchão

Corria para registrar no diário

Antes que se esquecesse do nome

Nem sabia se era nome, ou pseudônimo

Como era lenta a alta rotatividade

Em trágico humor

Pensava em seu corpo mensurando taras

Quantas caras,

Quantos nomes,

Quantos corpos

Tão antiga profissão

E ela não aprendia

Não entendia

E seu corpo despia

E um estranho a espia

Nua nos banhos

Nua na cama

Nua na sanha

Até que uma chaga

Ou uma navalha

Quem sabe a velhice

Seu corpo enrugasse

Seu horário vencesse

E a vida a deixasse

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 29/09/2016
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