Do Observador

Não há o que fazer, além de observar

esse estranho ser que, cego, chamas de eu.

Não creias no tal poder (pois ele não é teu)

de, na maré do viver, seres timão do mar!

Nesse mar da vida, pro rio nobre ou plebeu,

não há uma saída para outro lugar

que seque a lida do líquido navegar

senão na foz vivida que no mar renasceu.

O estranho navega (outro navegador)

na mesma nau cega, onde és o navegante

e não te entrega, no sal de cada instante,

esse leme mental do qual pensas ser senhor;

e que és, afinal, sendo observador

com o olhar total de quem se vê, vigilante.

Torre Três

27-09-2016

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 27/09/2016
Reeditado em 27/09/2016
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