Minha voz
Dar-te-ei hoje a minha voz
Nela meus pensamentos
Imantados desse profundo cismar...
Como que num pressentimento
Inexplicável no falar
Hoje ela é silenciosa, não muda!
Apenas inaudível distante...
Clara, pausada e profunda!
Íntima e sussurrante
Como voz de amante
Convidativa ao solilóquio...
Dar-te-ei hoje a minha voz
Em um tom vibrante diferente
Voz de alma falante!...
Distante da mera realidade
Dissonante do dia a dia...
Contando o pulsar do tempo,
Nos dedos do pensamento!
Com serenidade e ousadia
Apalpando o etéreo espaço
Diáfana e incomum realidade
Menos densa, suspensa!
Dar-te-ei hoje a minha voz
Calando todos meus sons
Sem que haja nenhum ruído
Alerta nos meus sentidos!
Dormência expectante...
Enquanto aguardo-a dorme
Até que a magia se levanta
Doce provoca e encanta
Atraente chama alguém
Que graciosamente vêm...
Rodeando minha casa,
Pousando nas árvores...
E grades da minha varanda!
Aquieto-me, agora é deles a voz...
Ouço-a na mais bela sinfonia
Alegres acordes de pura alegria
Solidárias aves, sons diferentes.
Enlevada, vejo até beija-flores.
Bailando na minha frente
Alegres e irreverentes...
Na minha face o sopro das asas
Despertando minha ternura
Em tão singular momento
Ensinando-me sentir e soltar
O meu cantar assim livremente
È parte da natureza, simplesmente!
Marilú Santana
05/09/2005