Uma homenagem especial
Aos escravos ancestrais, africanos e brasileiros, durante séculos de exploração no Brasil, o qual são merecidas todas as honras.
Entre dois continentes, o Atlântico.
Apenas uma distância geográfica.
Unidos, pelos seus destinos cruzados,
E inteiramente desnorteados.
Será mesmo necessário tanto horror obstinado?
Lá vem o Negreiro cruzando os mares,
Trazendo homens e mulheres apavorados,
Para os açoites na Terra de Vera Cruz.
Para o rebenque do perverso patrão.
Para as algemas amordaçar.
Ouro da mineração,
No aluvião, o sofrimento à suportar.
Imenso oceano Canavieiro,
E nas extensas fazendas cafeeiras,
Com seu sangue escravo à regar.
Perdidos uns para os outros
E no tronco suas carnes à chicotear.
Mas a esperança faz a doce alegria, almejar.
E os gemidos, amenizar.
Braço forte! Guerreiro!
Na Casa Grande, as amas de leite
À seus sinhozinhos amamentar,
Enquanto seus filhos, nas misérias do infortúnio
Que seriam os seus destinos à vingar.
Mães, crianças, velhos, jovens mulheres...
O que fizeram para merecer tanta aflição e horror?
Castro Alves e Nabuco, são as únicas esperanças desse povo sofredor.
Entre as noites tropicais,
Ainda encontravam energia
E nos Quilombos e Senzalas jaziam
Seus batuques de alegria
De um povo que realmente soube amar.