Noite esquecida

Na borda do precipício
Afundei-me em sonhos
Esquecidos e lembrados
Talvez apenas desejei
Tê-los em mim sonhado!

Ruazinhas enfadonhas, pecados desalinhados
Pedras soltas na muralha da vida
-A mortalha jaz vazia, ao teu lado !
Copos vazios, caem perdidos
Por entre pernas desnudas
Apalpo pedaços do teu corpo
Que teimam em voar…

Relativamente à escrita
Estreitamente cinjo-me
Navegando nos regos enviesados
Dos dejectos restantes da noite…
Passam por mim sonhos e desejos
Jazem restos humanos
Decadentes nas esquinas…

Amargo fel, que se ensaia na boca
Ontem receptáculo de beijos,
Agora amarga, repleta de areia
E um cheiro intenso
Ao fétido álcool…

Jazem na borda de casa,
Mesmo ali ao lado,
Os sonhos e o pecado…

Alberto Cuddel®
In: O silêncio que a noite traz - 9

Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 24/09/2016
Código do texto: T5770996
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