Morte
Apesar de amarga e cruel, é vista como algo superável com o tempo.
Que basta um pouco de esforço para manter o equilíbrio e será suavizado da pena.
Que se limita ao visível e racional
E cessa no sepulcro.
Com a esperança de um possível reencontro.
É por isso o motivo de tanta dor,
E de luto. Luto errôneo. Inexato.
Porém, compreensível e inevitável.
Até que se conheça a morte, a verdadeira morte.
Chega sorrateiramente. Surpreende.
Em seus flancos, atinge subitamente.
Novidade.
O que um dia acreditou-se na impermeabilidade.
Doravante, acessível.
Como a morte pode levar o mais inapreciável e imutável relicário?
Como flor de laranjeira, brota.
Como dádiva divina, firma.
Mas como erva daninha, extirpa.
Assim cessa a convicção e inicia o desamor.
Como um 'campo' pós colheita.
Como ravinas de um solo morto e nada fecundo,
Assim é a morte...
A mais triste e verdadeira de todas as mortes...
Onde começa e termina no mesmo campo,
Que um dia foi prolífico,
Que um dia foi julgado como imortal.
De fato, um luto real.
A morte no coração.