Gotas de orvalho
Gotas de orvalho
Vou me largar no mundo
Feito larva que se desprende do leito materno
Assim que descobre a luz do dia.
Sairei sem vigia, e sem rancor e sem pudor
E me atirarei no mundo, feito inseto sem asas
Perambulando pelos guetos.
Quero ser desprendido de objetos e coisas
E ser infinito, feito voo de gaivotas.
Ser pedra consumida pelo mar da natureza
E ser nuvem plasmada no céu.
Ser Poeta ainda vivo.
Saborear o gosto da complacência dos olhos
Daqueles que leem a Poesia que sai de mim
Feito gotas de orvalho.
Ser amado, por olhos que nunca me viram
Ser tocado por mãos que nunca me tocaram
Ser possuído.
Ser sentido, para não me sentir
Um pobre réptil-inútil e desgraçado.
Mas a Flor tem o dia certo do desabrocho
E enquanto as pétalas se arrumam
Enquanto reis não sobem aos seus tronos
Enquanto a folha não cai no esquecimento
Enquanto o vento não trás o cheiro da maresia,
A Poesia ocupa um lugar que será sempre dela, por direito.
Tony Bahi@.