ÁRVORE, A ESQUECIDA
Esqueceram-se de seu dia,
No afã de muitas lembranças
Vagas, vis, pouco valiosas.
No meio de tantas lambanças,
Tristes, frias, vazias,
De nossa elite jocosa,
Da consciência tardia
Sobre a política odiosa,
Cuja falta de lideranças
Autênticas, laboriosas,
Torna a legislatura
Uma atividade sombria.
E mais crimes ou tragédias,
A cidade em polvorosa
Se aumenta a temperatura,
Pois junto com a frente fria,
Vem a chuva volumosa,
E desfaz a precária estrutura,
Que a corrupção construía.
Mas, no início eu dizia,
Que entre a vaga desastrosa
Da lide do dia a dia,
Paira a sombra da candura.
Força viva e laboriosa,
Entidade tão valiosa,
Que, sem ela a vida esvazia.
Quanto bem nos propicia!
Apesar de nossa horrorosa
E destrutiva postura,
Sua sombra ainda alivia,
Sua folha é milagrosa,
Sua fotossíntese cria
O ar. Essa joia gasosa,
Sem a qual, a humanidade não dura.
Só uma minoria avalia
O quanto ela é preciosa.
Ninguém a reverencia,
Enquanto a maioria judia
Da ÁRVORE, santa criatura.
E ontem foi o seu dia.