Nobre saudade
Da inocência revelada na crença.
Do sorriso mesmo em dia de chuva.
Do plano que se perdeu no tempo.
Do café quente não mais compartilhado
E do nosso tempo nostálgico.
Do papo gostoso
E do coração confortável.
Dos braços que não foram abraços
E dos beijos que não foram consumados.
Da presença destemida de um amor maior.
Do trem que partia deixando lágrimas e coração apertado,
Mas também a certeza de que retornaria
E do amor que subsistia.
Dos afetos que não vieram
E das frases que nunca terminaram.
Dos riscos que não foram cometidos
E do futuro jamais vivido.
Do pôr do sol não mais presenciado
E das ondas do mar não contempladas.
Da despedida mal finalizada
E das palavras de amor juradas.
Dos dedos não mais enroscados
E dos corações entrelaçados.
Dos olhares que não se cruzaram
E dos caminhos não efetuados.
Das preocupações não mais vivenciadas
E das pequenas vitórias comemoradas.
Daquilo que não vingou.
Da alegria frouxa e da paz interior.
Saudade do amor ressaltado
E nunca mais presenciado.