ÁRVORE TOMBADA

I

Teu silêncio mudo em minha retina umedecida

Aos golpes do machado não suportastes

Agonizando imploravas em vão por tua vida

E ao final sobre o solo seco tombastes

II

Coração de gelo, impiedoso e cruel

Teu algoz assim se comportava

Senti o amargo minar da garganta... o fel

Com os seus gritos silenciosos ninguém se importava

III

Por vingança teu perfume indelével travou

Qual sândalo persistente ficou

Na lâmina fria de tal vil aço

IV

E a mão que há pouco te derrubou

Ainda respingada com a seiva que jorrou

Contempla impiedosamente cada pedaço

Múcio Amaral da Costa
Enviado por Múcio Amaral da Costa em 21/09/2016
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