A Sós
Ás vezes tão a sós
Em nós um presente antigo
Estrelas vagando na imensidão
Aço polido, figo maduro, muros
Nós e as diferenças densas
A finura das palavras criaturas
O vai e vem na mesma velha rua
Às vezes um poema de Hilda
Essa vertigem de quem vê o paraíso
Essa saudade de quem se foi por nada
Nós e as risadas no fim do domingo
Eu e você e muito mais que tudo isso
Nós e a pressa estacionada na porta
A preguiça boa entre os pés e a dança
A noite que chega, chegou lá fora
Nós e as luzes dos postes nus
Às vezes tão a sós
Em nós um futuro antigo
Estrelas vagando sem motivos
Aço polido, figo maduro, muros
Nós que a sós tecemos tudo isso
Milton Oliveira
Agosto/2016