A Saudade
Dorme em flor nossa alma
Em calma
E pestanejam os olhos
Sertanejos
Olhando em volta o vazio
Os meninos cresceram, crescerão
E quem cresce vai embora
Vai embora pra que?
Linda é a saudade e suas flores
Dorme em nós o olhar perdido
A lágrima proibida, a estranheza
Em se ver só frente à vida
E os caminhos não deixam de existir
O sol e seu esplendor
O olhar que nos deixou aqui
A saudade é faca de dois gumes
Dorme a paciência, a ciência
Ver o vasto vazio pela janela
Sentir o vazio vasto não basta
Bastasse um passo e tudo acabava
E a gente se desafia, afia a memória
E a história se escreve por si
A saudade é a chegada
E o ponto da partida
Milton Oliveira
Outubro/2015