OBRIGADO Z

 





 
Completei cinquenta anos. Recebi um bolo em versos da Ene Ri_beiro. Agora venho-lhe agradecer o agrado, o mimo, o presente generoso. Dizer-me Obrigado! Estranha essa palavra: Obrigado! A gente é obrigado por tudo mas se sente obrigado a nada. É palavrona mágica. A generosidade, a troca simbólica está na origem da vida em sociedade, quando ela nos sorri. Sempre tem gente dando, e gente recebendo. Os nativos do litoral oeste do Canadá, possuíam o tal potlacht, que eram eventos em que todos levavam dádivas para uso, abuso e consumo geral.  O princípio era o desperdício e a destruição do excesso de riquezas. Todo mundo ficava em dívida com todo mundo, é o chamado take and given que vai embutido no gift. Dar presente é fazer-se no outro presente. Quem recebe um presente, ainda que simbólico, sente-se Obrigado ao outro, depois do dom, dar o contradom. Lembro-me que quando era criança, lá na roça, se alguém matava um porco ultra-adiposo, se levava uma "cortesia", um pedaço de carne, para os vizinhos. Quem recebia a cortesia, devolvia o prato que recebia com contracortesia: farinha, polvinho, quiabos, chuchus... Recebi um bolo e cinco velas da Ene, sinto-me com prazer obrigado à Ela. Devolvo-llhe o prato vazio e lambido, só recheei-o com estas exíguas palavras feitas de letras agradecidas. Estou em dívida, dívida de gratidão. Por isso estou Muito Obrigado! Um abraço, Ene.

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[
http://www.recantodasletras.com.br/poesiascomemorativas/5766372]