P R E C I O S I D A D E S (43)

ALMA HARAGANA

Barreadas de amores, cantilenas de infância

sussuram nas paredes

e o tempo andeja nos retratos.

Lufadas de vento cochicham nas frinchas

genuínos retovos da história

no repertório da lida.

Escorrem por elas cativos caminhos,

lutas de sobrevivência,

gretados grilhões, amores e liberdade.

Nalguma tapera os ancestrais convivem

nas artérias de pau-a-pique

e o olho do tempo saluda a alma haragana.

Canta no coração do poeta

a celeuma dos que se foram,

e o canto dos vivos é a voz das rãs e dos grilos.

O canto dos amores soluça emponchados cricrilos

e o espelho das ausências saltita nas invernias

entre fogachos e picumãs.