DESTINO

DESTINO

Longe da coté

Preso ao cotidiano

Passaram-se os anos

E o que era orla

Virou interior

Os passos nos espaços

De verdes serras

Afastaram-no das areias

E das águas com sal

Tudo virou rio e água doce

Que a correnteza

Sem ondas e suaves belezas

Afagam quem está a margem

Afogando os desejos de mar

O desejo de estar

Nos aromas de maresia

Onde um dia

Nasceu para a vida

Agora não esquecida

Mas com nuances distintas

Cores de outras tintas

Que não foram herdadas

Mas buscadas

Pela sobrevivência

E que aos poucos incorporadas

Fizeram-no quase bicho do mato

A beira de um regato

Sem sal, sem sol, sem cor

Sem pôr, sem dor, sem pastor

Apenas paz interior

Gerando versos e rimas

Nenhuma obra-prima

Apenas existência

Fruto de contingencias

Impostas pelo destino

Que a tempo algum

Foi sonho de menino

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 17/09/2016
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