Garimpo
Garimpo as luzes, astros, nuvens, paisagens
E passo para o escriba que há dentro de mim
Com a missão de descrever todas as imagens
Com o mesmo cuidado de quem prepara jardim
Não há crivo de tecer rompantes sentimentos
Qual o épico intrínseco dos feitos Napoleônicos
Tampouco espero que haja tantos incrementos
Quantos havia nos suntuosos jardins babilônicos
Apenas anseio a presença de um céu bem curioso
Que avance e pouse seu azul a mim quase rente
Sem afugentar os pássaros de canto melodioso
Os mares rugientes, rios com sua calda corrente
Desta forma sei que sou eu quem faz a escrita
Nutrindo a vontade própria dos meros mortais
Para tanto, que minha alma não fique restrita
No deserto gélido, tredo e silente dos quintais