À Wisława Szymborska
Basta dirimir canções
entre os dedos, petardos
que caem ao chão, suaves,
mais macios do que a morte
e mais graves do que um poema,
estas canções a esmo
transitando entre o desejo
e o muro de concreto
erguido ante o que somos,
estas canções arfando
entre os dedos, morrendo
devagar como quem executa
um doce piano, leve como
a morte de um pássaro.