Réquiem à Metafísica
A Martin Heidegger
As horas rangem no relógio aflito,
a fruta, antes madura, já apodrece.
Escuto o estertorar do Infinito
brado do Ser que de si mesmo esquece.
Esse mistério ontológico escrito
nas dobras da História, onde acontece,
segue se tateando a cada grito,
dentro da frágil concha que estremece.
Entre o Ser e o ente restam os escombros
que a Metafísica trouxe nos ombros,
mas deixou perdidos em algum lugar.
E agora o Ser é um traço industrial,
a tatear no labirinto final,
tentando inutilmente se encontrar.