DOMINGO NO PARQUE
Domingo no parque,
sentado, calado
à espera do fim do dia,
da condução lotada
que me levaria, entediado,
ao quarto rude e vazio.
Domingo no parque,
olhava as crianças correndo
livres, alegres, vivas
entre jasmins e bem-me-queres
e os velhos cansados, a resmungar
sobre o sol, o barulho, a vida.
Domingo no parque,
à espera do nada, ocioso
alto-falantes pendurados nos vetustos galhos
projetavam o som jovial de Nando Reis
enquanto, à sombra, alguém lia
os polêmicos versos de Bukowski.
Domingo no parque,
olhava dançarinos vestidos a caráter
apresentando danças folclóricas, típicas
de alguma comunidade europeia
e, sentado no meio-fio, alheio
o pé no compasso da música, indaguei:
por onde andaria?