Oco
No oco onde se propaga o som
O som do sentido do som
A alma que dança samba-gafieira
No oco da concha marinha
O som do mar, o sal do mar
Cego que canta ao luar
Que sertão é esse que se esparrama
Sobre o oco do olhar
O que demora em mim o bem e o bom
A pele do amor e da paixão
Onde o oco do coco oco tem som
No oco as belezas se misturam
Oco tempo entre duas luas
Entre o que é infinito e o que é ligeiro
Quando não sei dizer me calo oco
Quando sei o que quero ou não quero
O oco em mim e sua maré vazante
Faz com que eu cante assim
Na cegueira ou na visão
O silêncio oco da explosão
E a imensa gritaria do meu coração
No eco onde nasce o som
Os meus olhos ocos em plena distração
Milton Oliveira