Trajetória
Enquanto amasso o tempo feito papel
escuto passos no limiar do efêmero
a cavalariça imprime o seu tropel
carregando sonhos com profundo esmero
Qual uma farsa para enganar meus delírios
- rarefeito é o ar que forçosamente respiro -
quedam-se os campos de gloriosos lírios
aos poucos meu verso/poema ponho e retiro
Triste façanha algum dia certamente herdarás
e por certo em teu seio a teu tempo, com atraso
a dor que o arranha e afaga tão forte reterás
na dormência dos raios nos oceanos à hora do ocaso
As estrelas hão de compactuar espetacularmente
tragando tuas pupilas para o pomposo infinito
enquanto por sua vez agonizará flébil e debilmente
o sol na sequência inexorável de seu indubitável rito